Curta-metragem “A Caverna” lota o Teatro Municipal de Ananindeua em estreia reflexiva sobre a realidade e o conhecimento
Com direção de Elizabeth Santos, produção para a Academia Internacional de Cinema e mais de 60 figurantes, o filme provocou o público ao abordar o mito de Platão sob uma ótica contemporânea
Secom
Na noite desta quinta-feira, 8 de maio, o Teatro Municipal de Ananindeua foi palco da estreia do curta-metragem “A Caverna”, apresentado no projeto "Cine Clube Apuí", realizado pela Fundação Maguary. A sessão reuniu um público diverso e lotou o teatro, com destaque para a participação de alunos e professores da modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), da Escola Estadual Jornalista Rômulo Maiorana, além da comunidade local que prestigiou a exibição.
Elizabeth Santos, diretora do curta-metragem, "muito feliz em poder realizar esse lançamento aqui no Teatro Municipal de Ananindeua".Com direção de Elizabeth Santos, o curta é uma releitura moderna do clássico mito da caverna de Platão, transformando a alegoria filosófica em uma potente crítica social. Ambientado em um espaço opressor, onde crianças vivem acorrentadas em uma caverna subterrânea e são alimentadas por sombras distorcidas, o filme propõe uma reflexão profunda sobre a manipulação da realidade, o medo da verdade e a resistência ao conhecimento.
Produzido em cerca de dois meses, o projeto envolveu mais de 60 figurantes em cena, resultado de um trabalho desenvolvido por Elizabeth para a Academia Internacional de Cinema (AIC).
Para a diretora, o audiovisual foi a linguagem ideal para tornar acessível um conteúdo tão denso e filosófico. “Foi um trabalho da Academia Internacional de Cinema, e eu estava procurando um tema que realmente trouxesse reflexões e conhecimento. E o mito da caverna era perfeito, até porque eu ainda não tinha visto nenhum filme sobre ele, não é um assunto tão fácil de ser tratado, e através do audiovisual a gente consegue trazer para uma linguagem onde as pessoas possam entender através das imagens que estão vendo e através do áudio. Eu fico muito feliz em poder realizar esse lançamento aqui no Teatro Municipal de Ananindeua, esse espaço tem sido instrumento para valorizar os nossos projetos”, destacou.
Lucas Absolão, estudante, "ferramenta de transformação".A exibição emocionou e instigou o público. Para Lucas Absolão, de 25 anos, o curta trouxe um novo olhar sobre o mundo. “Ensinou que a gente não deve ficar na zona de conforto e que devemos expandir mais as nossas ideias. Não devemos nos conformar, precisamos sair em busca, porque o mundo não se limita só no que a gente vê”, comentou.
Professor Fábio Lira, "muitos alunos não conhecem e nunca ouviram falar de Platão".O professor Fábio Lira, da mesma escola, ressaltou a importância da vivência cultural para os estudantes e da temática escolhida para o curta. “Resolvemos tirar o aluno um pouco da sala de aula e trazer para esse ambiente que para eles é uma coisa completamente diferente, porque muitos nunca entraram em um teatro, nunca entraram em uma sala de cinema, isso é muito diversificado para eles. Esse tema do curta-metragem também chama muita atenção, porque muitos alunos não conhecem e nunca ouviram falar de Platão, nunca ouviram falar do mito da caverna, isso foi super importante para o conhecimento desses alunos que estão aqui hoje nesse evento”, contou.
Marcos Lima - Jornalista e protagonista do curta-metragem, "é importante a gente colocar esse tema para debate".O jornalista Marcos Lima, que interpretou o protagonista do curta, falou sobre a experiência de vivenciar a filosofia de forma prática e expressiva. “Eu já tinha ouvido falar sobre o mito da caverna no período da faculdade, e fazer a atuação como protagonista no curta-metragem foi uma experiência bem diferente. O tema abordado foi sobre a gente abrir realmente a nossa mente, sair da nossa zona de conforto, ver outras possibilidades e encarar o mundo. Todo esse conceito que foi apresentado é muito importante nos tempos atuais, principalmente com as pessoas que têm aquele pensamento muito fechado. É importante a gente colocar esse tema para debate e convidar mais pessoas para que entrem nesse campo de discussão”, disse.
A sessão integra a proposta do "Cine Clube Apuí", que busca movimentar a cena audiovisual de Ananindeua, promovendo sessões regulares no Teatro Municipal com obras autorais, documentários e curtas-metragens. Segundo João Sousa, coordenador de cinema e telas da Fundação Maguary, a intenção é fortalecer o cenário cultural local. “O nosso projeto é fomentar a cultura com artistas paraenses. O que a gente busca são novos artistas e trazê-los para Ananindeua, porque antigamente as pessoas iam para Belém, e a gente quer trazer esse público para a nossa cidade. A nossa proposta é que pelo menos uma vez no mês tenha a sessão do ‘Cine Clube Apuí’ aqui no Teatro Municipal com curta-metragens e documentários”, afirmou.
Com uma abordagem filosófica profunda e um tom dramático, “A Caverna” provocou reflexões sobre temas urgentes, como desigualdade social, sequestro infantil, trabalho escravo e o impacto da ignorância cultivada nas sociedades contemporâneas. O sucesso da estreia mostrou a potência do audiovisual como ferramenta de transformação, sensibilização e formação crítica.